Conquistador domesticado
Texto chupado do blog Homens??Seres ou Ets ?? que me provocou risos pela manhã e uma oração em homenagem à Freud.
Ele tem compulsão por seduzir e quando está entre amigos tem sempre uma história picante da última conquista para contar. Narcisista, garanhão, bom de papo, ele não esconde de ninguém sua fama de conquistador. Pelo contrário, até se orgulha disso e segue à risca a rotina de um guerreiro, como gosta de ser chamado na intimidade pelos amigos: sai todas as noites, dança como ninguém, fala com trejeitos de galã da novela das oito e diverte-se muito com as histórias que cria para ganhar uma mulher. O enredo é sempre o mesmo, aproximar-se da presa, seduzir, conquistar, abandonar e, em seguida, partir para a próxima conquista. Sempre com muita delicadeza, afinal ele nunca teve a intenção de magoar ninguém (esta é sua frase favorita).
No entanto, para a surpresa geral, um belo dia ele aparece acompanhado da mesma mulher por uma, duas, três, quatro, cinco vezes e, um pouco constrangido, agüenta a gozação dos amigos que fazem coro de 'tá namorando... tá namorando'. No começo, ele até tenta disfarçar, mas depois não tem jeito. Assume o relacionamento, deixa rolar e quando se dá conta está casado, morando bem juntinho, cuidando da casa, das crianças e aquelas histórias de conquistas constantes fazem parte apenas do passado. Ele agora tem um novo estilo de vida.
Para Freud, os conquistadores compulsivos tem uma homossexualidade latente e, por isto, tem a necessidade constante de auto-afirmar sua masculinidade através da sedução e conquista. Mas o que leva este sedutor convicto a ficar com apenas uma? Segundo o psicanalista Alberto Goldin, o Don Juan se aposenta quando conhece uma mulher que o ameaça com as mesmas armas, que utilizava em seus tempos de batalha: ousadia, beleza e lábia.
De acordo com Goldin, só o tempo pode dizer se o conquistador se redimiu de verdade ou está apenas temporariamente fora de combate. E como na vida do Don Juan só existe o presente, provavelmente o final desta história ainda está por vir.
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