25.9.02

Cinema descontrol



Depois de fazer "mercado" com a mama, resolvi que ia endurecer a bunda na academia. Só que eu peguei um trânsito infernal e cheguei na academia 17.05h e eu posso entrar somente até as 17.00h. Em uma palavra: GOOOONGGG !!
Para não voltar para casa cedo, resolvi me jogar num cinema básico. Olhei na bolsa e vi meu cartão do Banco 1 e fui correndo para o Espaço Unibanco.
Como a sessão do filme que eu queria ver só começava as 19.10, fui ver os Curtas da Petrobrás.
Caramba ! Adoro curta metragem e já expliquei aqui o motivo. Na hora que começa encher o saco, acaba.
Assisti 4 curtas muito legais produzidos em Minas Gerais. Quem estiver afins de ver algo relax, passará na sala 3 do Espaço Unibanco até dia 02/10.
Depois de sair dos curtas, fui ver Cidade de Deus
Um tapa na cara. No mesmo dia que eu vejo traficantes fazendo pagode na cadeia, vou ver este filme que conta a história da favela Cidade de Deus no Rio de Janeiro.
Fiquei passada. Vi o tráfico de drogas com outros olhos. De quem está dentro. Não que eu tenha achado normal, mas vi como as pessoas são levadas à um extremo de violência sem perceber. Matam como se fosse a coisa mais normal do planeta.
É assustador saber que tudo que eu vi naquele filme realmente aconteceu. Que existiu o Zé Pequeno, o Mané Galinha, entre outros. É muito assustador saber que aquilo não é ficção. É a mais cruel realidade. Que muitas pessoas inocentes morrem no meio de guerra do tráfico. Que para os traficantes, esta é a única forma de ter tudo o que eles sempre sonharam. Carro, cordão de ouro, mulheres, poder.
Choca saber que este mundo tão longe a minha realidade, existe e domina.
E como isso vai acabar se existe o mercado consumidor? Se existe gente "graúda" por trás deles?
Existem vários Fernandinho Beira-Mar e Elias Maluco por aí... Como acabar com pessoas que acham que matar uma pessoa (Tim Lopes) com uma espada e queimar o corpo dela no meio de pneus é algo normal?
Como acabar com isso?
Sai do cinema pensando nisso. E vou dormir pensando nisso.
É um mal que não atinge somente favelados. Atinge todo mundo que busca poder e dinheiro de forma fácil.

Eu lí uma crítica sobre esse filme dizendo que não aborda a "contextualidade da violência". Que papinho de intelectualóide. O que se vê no filme, desde o início, é a verdade que acontece nos morros do Rio. A verdade que nem todo mundo quer enxergar. Não tem que pensar que é um filme de ficção porque não é.
Acredito que este filme está fazendo com que a tal "sociedade classe média" reflita um pouco sobre o que acontece do outro lado. Que uma pessoa tem a opção de escolher o caminho honesto (Buscapé do filme), mas que a linha entre o caminho do "bem"e do "mal" é muito tênue. Quando pára para pensar, o cidadão está atolado até o pescoço.
Outro detalhe que eu também percebi neste filme: Somente Matheus Nachtergaele é ator profissional (e novamente fez um excelente trabalho) e o Seu Jorge é músico. Os outros personagem foram interpretados por pessoas das comunidades carentes do Rio.

Em uma palavra? Imperdível !!

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