Everybody
Certa vez, eu ouvi o seguinte diálogo:
- Nesta época não tínhamos Madonna. Nesta época, o máximo da feminilidade era a Vera Fischer.
- Como assim?? Como a Madonna não existia? Desde que eu nasci, Madonna é Madonna. Para mim, ela sempre existiu.
Sim... um dia Madonna começou sua carreira.
Reza a lenda que ela trepou com metade de NY para conseguir alguma chance. Mas e daí?
Sem carisma e algum talento, ela jamais sobreviveria.
E vamos combinar que tudo teve um início?
Você já viu o vídeo da música Everybody?
Atualmente eu fiz uma seleção de músicas que marcaram a minha vida. E esta música esta lá.
Por que? Porque foi naquele vídeo onde a cafonice dos anos 80 tornou-se evidente, que uma revolução começava.
Uma revolução feminista? Talvez...
Uma revolução cultural? Certamente...
Uma revolução pessoal com toda certeza.
Esse vídeo não tem nada de excepcional.
Ele não tem uma grande produção como os vídeos que ela viria a fazer depois.
Mas é o meu vídeo favorito da Madonna.
Tudo começa com uma cortininha de luzes piscando. E ela sai de lá do meio.
A roupa é estranhíssima. Um colete com cara de ser de veludo, ou melhor, tem cara de ser napa; uma calça beg, (e se não me engano... UMA POCHETE. Ufa, eu me enganei... eram cintos). E o cabelinho dela? Agora é extremamente cafona, mas em 1982 era lindo! Tanto que eu usei este corte durante anos!
Aquela franjinha repicada e aquele corte batidinho na nuca.
Alguém reparou que ela usa um relógio com o visor no pulso?
E o rapazinho usando um chapéu enquanto dança?
Aquelas cadeiras no meio do palco?
Os passinhos?
Até então isso não existia! Foi ela que criou algo tão corriqueiro atualmente.
Neste vídeo, a sensação de estar num clube GLS é enorme.
Quem fez isso antes?
Ninguém...
Analisando friamente, o vídeo é péssimo. Tecnicamente um dos piores vídeos que já vi.
Mas ele é revolucionário. Será que a Madonna imaginava que ela seria o que ela se tornou?
Eu lembro de ouvir comentário sobre o disco Like a Virgin; “Ela é cantora de um disco só. Madonna sumirá em breve”. Particularmente, nunca acreditei nisso.
Ela mudou tudo. Não consigo imaginar o mundo sem ela.
Ela mudou a geração que veio depois dos anos 80.
Madonna é um eterno ícone.
Eu tinha dez anos quando vi o vídeo dela pela primeira vez.
Sempre sonhei em ter um cinto escrito BOY TOY.
Sai de luvas de renda do cinema quando vi Procura-se Susan.. Briguei com a minha mãe para usar brincos de crucifixo.
Odiei a Madonna cafona do cabelo branco cantando True Blue, baby I love you.
Achei sensacional o espaço que ela deu para moda e para os gays no vídeo de Vogue (ta... para quem não sabe Vogue era um tipo de dança que os gays dançavam em NY e que ela mostrou para o mundo)
Voltei a amá-la quando escutei o disco Erótica.
Eu tinha dezoito quando li o livro Sex. De certa forma, ela é culpada pela minha sinceridade em relação a sexo.
(dica inesquecível lida neste livro: Nunca dê uma canseira em um homem por mais de cinco vezes. Ele pode começar a achar que está querendo subir na árvore errada. Difícil, mas não muito)
Adorei a maneira como ela tratou a hipocrisia humana em relação a sexo em alguns de seus vídeos. Tapa de pelica na cara de muita gente.
Jamais esquecerei do show dela aqui em São Paulo e da emoção do Mauro Borges ao meu lado vendo a fofa rebolando na cara dele, praticamente.
Hoje temos as crias. Britney, Pink, Aguillera e afins. Mas ela foi a primeira.
E a cena dela descendo as escadas cantando: Everybody comes to ... Hollywood. E beijando a boca das suas meninas no ar (a cara do Justin foi impagável...) é inesquecível. Ela ainda choca a sociedade americana.
Ela tem poder e sabe usá-lo.
Hoje ela é uma mãe de família que passeia com a sua menina por Londres e uma mulher como outra qualquer. Com o seu marido e com seus filhos.
Ela conseguiu se manter e se reinventar sem ser pega pela loucura da fama, como Michael Jackson.
E você?
Consegue imaginar o mundo sem Madonna?
Eu agradeço a metade de NY que transou com ela e que deu a chance do mundo ser um pouco mais divertido.
clique na foto acima e ao pior vídeo da Madonna, mas nós adoramos.